segunda-feira, 6 de julho de 2009

Artistas e preconceito

Artistas, artistas, o Rio de Janeiro é a casa deles, vindos de qualquer canto do mundo, de qualquer lugar, mas a rua é o lugar deles, onde eles se mostram e onde expõe aquilo que sentem através do artesanato. Não se prendem a lugar nenhum, não param, vivem andando e fazendo novos amigos e andando de novo. A incerteza é o cotidiano. Em cada volta do aço, da palha, uma esperança de venda. “As pessoas que as vezes compram com você nunca olham no seu olho” o Fabrício disse isso pra mim, e eu perguntei o porque que ele não soube responder. As vezes por esse jeito largadão, as vezes por medo. Fiquei conversando com ele como eu sempre faço, sentada em cima da entrada do metrô. Depois chegou o caboclo, um artista que faz chapéus e bolsas de palha de bananeira entrelaçando-as, a principio eu faria como as outras pessoas de quem o Fabrício reclamou, mas olhando a maneira como eles se tratam, percebi o quanto somos preconceituosos e o quanto tempos a evoluir com isso... conversei com ele e logo percebi pelo sotaque que se tratava de um nordestino... trazendo na mochila (doada) além dos seus trabalhos fotos de crianças, que dizia ser sobrinhos que moram em recife e natal. E que ele expõe junto com as peças. Figura carismática. Passou duas senhoras e perguntou ao cara que as acompanhava, se era ele que tinha aparecido na televisão, quando souberam que não viraram a cara, e se fosse? Realmente não era, mas será que as pessoas só valorizam aquilo que está do outro lado da tela? E as historias, a vida, o que eles fazem pra se sustentar? Não conta? Depois dessas 2 horas que eu passei na rua do catete conversando descobri que temos muito em nossa volta e não reconhecemos, que existem pessoas que não damos a mínima mas que tem um valor imenso... que por mais que as pessoas possam não representar nada pra você, elas querem um pouco de atenção, e você nem precisa comprar nada, as vezes ao ir embora e cumprimentar ele com um aperto de mão e dois beijinhos no rosto, ele pode ter ficado feliz, em saber que pelo menos uma pessoa conseguiu vencer o preconceito, e eu mais feliz ainda, por ter descoberto que vencer o preconceito pode ser mais fácil do que parece. E o é. Basta querer.

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