domingo, 29 de maio de 2011

Por um pouco de Mário Quintana

Teus poemas, não os dates nunca... Um poema
Não pertence ao Tempo... Em seu país estranho,
Se existe hora, é sempre a hora extrema
Quando o anjo Azrael nos estende ao sedento
Lábio o cálice inextinguível...
Um poema é de sempre, Poeta:
O que tu fazes hoje é o mesmo poema
Que fizeste em menino,
É o mesmo que,
Depois que tu te fores,
Alguém lerá baixinho e comovidamente,
A vivê-lo de novo...
A esse alguém,
Que talvez ainda nem tenha nascido,
Dedica, pois, os teus poemas.
Não os dates, porém:
As almas não entendem disso...

(Data e Dedicatória)

-> Lembrei desse poema porque a Pri me deu a sugestão um dia de colocar datas naquilo que eu escrevo e que sempre me esqueço de fazer.
Pri, obrigada pela sugestão. Mas acho que vou continuar esquecendo, agora propositalmente.

sábado, 7 de maio de 2011

Sobre a economia do cotidiano...


Eu queria ser jornalista. Trabalhar com jornalismo esportivo e cobrir os panamericanos, olimpíadas, copa do mundo e jogo de peteca na esquina. Enfim cresci, fiz faculdade de Educação Física, hoje trabalho em dois municípios em escola (coisa que eu, particularmente, não gosto - prefiro academia) mas por ter feito por fazer os concursos e passado em 5 deles, não quis jogar fora, afinal, ninguém tá podendo jogar um dinheiro que virá fixo todo mês na sua conta, por emprego privado, quanto mais em academia que de uma hora pra outra eles te descartam feito papel.
Resumindo: 26 anos, 2 empregos públicos e 1 particular entre 3 cidades diferentes (Macaé, Cabo Frio e Santa Maria Madalena), acordando de segunda à sexta as 5 da manhã e indo dormir 11:30 da noite, trabalhando 57 horas semanais e recebendo por hora de trabalho 8 reais no final das contas.
Segunda, terça e quarta eu acordo as 5:30 arrumo minhas coisas e saio as 6 hs de casa, levo 1 hora pra chegar à escola que trabalho, dou aula de 7:30 às 14hs, saio de lá dirijo mais 1 hora e pouca pra estar no outro trabalho as 16hs e vai até as 21. Quinta e sexta acordo às 5, saio de casa 5:30 pra estar na escola, que fica a 60km de distancia 7:20, trabalho até as 18hs e chego em casa 21hs de sexta-feira.
Preciso de um carro porque minhas idas e vindas não tem como ir de ônibus porque o sistema de transporte público em Macaé e região não se compatibiliza com horário de entrada nos trabalhos, e como pagar a prestação de um carro, se em suas contas, não tem um mínimo pra dar de entrada, e as prestações, nesse caso vão lá pra uns 800 reais. (tô com carro emprestado do meu irmão) E A GASOLINA TÁ 3,10. Carro não é luxo pra mim, é necessidade. Tanto é que nos finais de semana, eu vou para os lugares de ônibus e deixo o carro em casa.
Além disso você precisa parar de morar de favor (afinal, favor que passa de um ano não é mais favor, é abuso) e alugar um espacinho pra você. Coisas básicas como carro + casa que você precisa pra viver consomem seu salário todo. E você come com o que? Paga o resto das suas contas como?
Conversas como ter que trabalhar pra ter suas coisas e fazer suas viagens só funciona pra quem ganha mais de 4 mil reais. Afinal, prestação de carro e casa pegam seu salário todo.
Conselho pra quem tem filho em época de vestibular: fale pra ele fazer o sonho dele de faculdade depois de uns 10 anos de formado em alguma área que dê dinheiro. Pra ele poder curtir esse sonho de um modo que não precise passar por perrengue pra conquistar as coisas.
Tudo bem que muita gente que tem essa idade que eu tenho, não tem muita coisa, mas você olhar a sua vida e ver que você não tem nada seu, conquistado por você, de material para poder levar sua vida, fazer a decoração que você quiser na SUA casa, ter SEU carro e poder pagar por ele com tranquilidade...
Desabafos de quem anda confusa com tantos números pra pagar e menos da metade deles no contracheque.