segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Pela tela


Ele olhou o quadro e lembrou-se dela na janela, das dúvidas, incertezas...
Teve vontade de ligar mas não ligou, teve vontade de vê-la mas não viu, teve vontade de gritar e assim o fez.
Ela esvaiu-se nas tintas, nos pincéis, na aquarela.
Teve vontade de beijar e não beijou, teve vontade de escutar mas não ouviu, teve vontade de quebrar um copo e quebrou.
Ele pensava no primeiro dia que a viu na galeria.
Ela tinha certeza que foi na ponte do jardim de Fougéres.
Ele foi para casa.
Eles queriam estar no quarto com a janela de frente para o mar.
Ele pegou o telefone três vezes e três vezes colocou no gancho.
Ela foi ao guarda roupa e pegou seu vestido estampado.
Ele tomou coragem e ligou, ela virou a esquina da rua Fondary e entrou na galeria.
Olhou o quadro e lembrou-se dele, das costas, do mar...
Do outro lado da linha ninguém atendia o telefone.

Um comentário:

  1. Pois é. Foi uma conversa com 2 amigos no fds e mais aquilo que a gente conversou que me inspirou àquele texto. Vivendo e aprendendo!

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