Ela abriu os olhos, era noite de inverno na pequena cidade no sul da França. O telhado do terceiro andar da casa parecia que entrava pelo quarto lilás. No chão revistas, vinis e alguns recortes de roupas que ela sonhava um dia fazê-las.
Levantou e foi devagar, sem fazer barulho, lavar os olhos no banheiro.
Como ela amava aquele banheiro que ela mesma tinha montado. A louça da pia branca combinando com a banheira de estilo antigo que ficava no canto perto da janelinha que dava para o jardim.
A casa era tão grande quanto seus sonhos de um dia conhecer cada canto do mundo.
Desceu as escadas pé ante pé, para que ninguém acordasse, vestiu o pesado casaco que ficava pendurado na porta e saiu pelo portão de madeira na lateral da casa. Quase pisou no rabo do cachorro que estava deitado na rua. Andou pelas estreitas ruas de pedras e sentou na beira do lago congelado que refletia pequenos pontos luminosos da lua cheia.
Pegou uma folha congelada e ficou pensando no calor do hemisfério sul.
Sentia saudade do clima alegre dos trópicos.
Levantou suspirando, contornou o lago e voltou pelas vielas, cobertas pela neve. As chaminés das lareiras anunciavam vida naquele dezembro solitário.
Voltou para casa, subiu para seu quarto e jogou o pesado casaco no canto da prateleira.
Deitou, olhou para o teto que parecia entrar no quarto lilás e dormiu.
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